Working with several mediums, João Pombeiro has been noticed by his videos, that usually subvert and deconstruct images and the way we percept them.
In the multiplicity of mediums that visual artists have been working with, video is the most meaningful one in the lasts forty years. The exhibition “Into the Light – the projected image in American art 1964-1977” that was presented in Belém Cultural Center in the last months of 2004, demonstrates the vitality of video, and the impact it had in the comprehension of art, especially American art.
The multiplicity is, in fact, a constant in the artists that come out from schools, all over the country, getting them ready, and if they wish so, to explore their creative potentials through the medium that fits best to their personality or, simply, to the desired result.
Just this, would explain our choice for this edition, an artist that works with this medium – João Pombeiro, a 25 years old artist, that develops his daily work in the fields of painting, photography, web design, and sculpture, and have been calling the critics attention, especially with his videos. With an Art Degree at ESAD, in Caldas da Rainha, he has been participating in several festivals. In one of these festivals, Ovarvideo 02, he won the public’s award and the jury’s special prize with a video called “The Office”. This work is the result of the documentation of a multidisciplinary project, developed with Hugo Guerra, and absorbed the entire academic curriculum in a continuous “performance”, during a year. In this video, were already present some of the key concepts, that are applied to his work, namely, subversion and humor.
The press release of his latest, and first, individual exhibition at 24b Gallery, in November / December of 2004, refers precisely this aspect of his work - «When observing the work of this author, easily we notice the constant use of methods based on irony, appropriation, sarcasm, citation and over all deconstruction and subversion. This subversion, not only contemplates everyday objects and experiences, but also any other aspect of the deepening of the microcosms of our being. »
The video “Schizo” also presented in this exhibition uses several of these ideas. In a Famous scene of Hitchcock´s movie “North by Northwest”, Cary Grant, in a desert landscape, runs away from a plane that is trying to kill him. In this work, João erased the image of the plane, leaving only the main character in an even more intense, scene than the original movie, because we don’t know what is the origin of the threat, which his posture suggests. It’s even more intense, or even schizophrenic, if we don’t know the original scene, because we only see a man running from nothing, approaching the nonsense in a comic scene.
Made in 2002, this video was already presented in several places in Portugal and Europe, like in the exhibition “Portugal – 30 artists under 40” in Oslo, curated by Pedro Portugal, with the initiative of the Republic’s President Office. It can be seen until April 3rd, in Coimbra at the Visual Arts Center, in the “Project Room” space, curated by Miguel Amado.
Quoting once again the text written for his exhibition at 24b Gallery - «Another fundamental characteristic of his work is the never ending questioning of the artist’s role, of the art’s definitions, the concept of exhibition and the way that artistic context works, without ever supplying a convincing answer or an alternative in which he really believes.» This characteristic is the most visible in “The Office”, since this “office” had become a “services center”; its artistic creation also offers services that an office implies, associated to the production of artistic contents.
A way of humor that has been disappearing from Portuguese art and that João Pombeiro assumes as one of the most concrete ways of reaching the public. To him, art has to focus on simple things, in a way it can become meaningful to everyone. He doesn’t like the works that are camouflaged under the concepts, and in is perspective, his works are only finished when they are seen. The act of showing is very important to him, since the public’s reaction completes his work, and many times helps to develop them. The video “Park” is one of his most interesting works. Ina a continuous rotating take, the camera captures the same human figure in different places of a park, revealing a capacity of omnipresence, that the imperfection and amateurism of video documentation, can’t explain what technique was used to achieve this effect.
Once more, subversion is a constant reference – it can be the subversion of the usual video documentation, of the original material, or the subversion of our perception, that goes around the ways of perception that we are used to.
This video leaves no one indifferent, its senseless time/space relation, associated with the rudeness of the technique, creates doubt and laughter.
João Pombeiro has in hands, the preparation of several videos, that he pretends to present in a near future, from which he highlights “International Intrigue”, a confusing dialogue about an escape, that João transformed, by changing the languages of the dialog, creating a new dialog between the four characters , which one speaking his own language.
Commercially speaking, video still is a area with few interested portuguese buyers , even though there are already some collectors that include this medium in their archives, the tendency will increase, based on the natural approach to the international reality. João´s videos are sold in 24b Gallery between 2.000€ and 2.500€.
The world of João Pombeiro is built with different postures, from which video its just another one, but it reflects specially the strength and personality of that world. Humor defines his attitude before art, reflected in one of his presentations: “João Pombeiro is a cynic, in the Hellenic sense of the term, who believes in drawing as a mental process, and makes art with a capital H, and the only thing that he desires is that no one blocks his sun”.
João Magalhães
in L+Arte Magazine, March 2005
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Trabalhando com diversos meios, João Pombeiro tem-se destacado pelos seus videos que geralmente desconstroem e subvertem imagens e a nossa forma de percepção destas.
Na multiplicidade de meios que actualmente os artistas plásticos vêm trabalhando, o vídeo é um dos que maior significado deteve nos últimos quarenta anos. A exposição Into the Light – A Imagem Projectada na Arte Americana 1964-1977 que esteve patente no Centro Cultural de Belém nos últimos meses de 2004 demonstra a enorme vitalidade do vídeo e o seu impacto no entender da arte contemporânea, em especial da americana.
A referida multiplicidade é de facto uma constante nos artistas que saem em levas das escolas de arte pelo país fora, preparando-os, se assim o desejarem, para a exploração das suas potencialidades criativas através do medium que melhor se adequar à sua personalidade ou, simplesmente, ao resultado pretendido.
Posto isto, falaremos nesta edição de João Pombeiro, artista de 25 anos que, desenvolvendo o seu trabalho diário no campo da pintura, fotografia, escultura, web-design, e design gráfico, tem chamado a atenção de alguma crítica especialmente pelos seus vídeos.
Licenciado em Artes Plásticas pela ESAD, nas Caldas da Rainha, já há alguns anos que trabalha com vídeo, participando em inúmeros festivais. Num deles, Ovarvídeo de 2002, ganhou o prémio do público e uma menção honrosa do júri com um vídeo intitulado Escritório. Esta peça resultou do registo de um projecto multidisciplinar com um colega de escola, Hugo Guerra, absorvendo todo currículo académico numa quase performance contínua ao longo de um ano. Neste vídeo estavam já patentes algumas das ideias chave que permanecem no restante campo de trabalho de João Pombeiro, nomeadamente, a subversão e o humor.
O press release da última e primeira exposição individual de João Pombeiro na Galeria 24b, em Setembro e Outubro de 2004, refere precisamente este aspecto da sua obra - Ao observarmos o trabalho deste autor, facilmente damos conta do uso constante de métodos que assentam na ironia, na apropriação, no sarcasmo, na citação e sobretudo na desconstrução e subversão. Subversão essa, que poderá incidir não apenas nos objectos e experiências que constituem o quotidiano, mas também num qualquer outro aspecto mais enraizado nas profundezas do microcosmos do nosso ser.
O vídeo Schizo apresentado também nesta exposição pega em diversas destas ideias. Numa famosa cena do filme de Hitchcock, “North by Northwest”, Cary Grant numa inóspita paisagem foge de um avião que o tenta matar. Nesta obra, João apagou das imagens o avião que o perseguia, ficando apenas a personagem numa cena psicologicamente ainda mais intensa que a original dado que se desconhece a origem da ameaça que a sua postura pressupõe. É mais intensa mas, de certa forma esquizofrénica, já que desconhecendo a cena original apenas se vê um homem a fugir de nada, roçando o absurdo numa cena cómica.
Datado de 2002, este vídeo já foi apresentado em diversos locais em Portugal e na Europa, tendo estado presente na exposição Portugal 30 artistas under 40, em Oslo, uma exposição comissariada por PEDRO PORTUGAL de iniciativa da presidência da república.
Irá ser apresentado de novo a 27 de Janeiro, em Coimbra no Centro de Artes Visuais, no Project Room, espaço comissariado por Miguel Amado.
Citando mais uma vez o texto escrito para a sua exposição na Galeria 24b, «outra característica fundamental da sua obra é o questionamento incessável do papel do artista, da definição do artista, da definição de arte, do conceito de exposição e do funcionamento do meio artístico, sem nunca nos fornecer uma resposta convincente ou uma alternativa em que o próprio acredite. Esta característica está mais visível no referido Escritório já que este “escritório” se tinha transformado num centro de serviços, a sua criação artística passava também pela prestação de serviços que um espaço destes pressupõe, associado à produção de conteúdos e derivados artísticos.
Um humor que tem desaparecido um pouco da arte portuguesa e que João Pombeiro assume como uma das formas mais concretas de atingir um público. Para ele, a arte tem de abordar as coisas simples, que «possam dizer sempre qualquer coisa a toda a gente». Não gosta da arte camuflada, dos conceitos sub-reptícios geralmente envolvidos e nesta perspectiva, os seus trabalhos só estão acabados depois de vistos. É enorme para si a importância do dar a ver, já que as reacções do público completam o seu trabalho e, muitas vezes, fazem-no desenvolver ou aperfeiçoá-lo.
O vídeo Park é uma das suas obras mais interessantes. Numa plano contínuo rotativo, a câmara vai captando a mesma figura em partes diferentes do parque, aparentando uma capacidade de omnipresença que o imperfeccionismo e aparente amadorismo do registo videográfico deixam em aberto quanto à forma como tal é realizado. Mais uma vez a subversão é uma referência constante, seja subversão do habitual registo videográfico, seja da matéria original, seja da nossa percepção que se confunde com o trabalhar fora dos cânones a que estamos acostumados. Este vídeo, não deixa ninguém impávido, pelo absurdo físico-temporal associado à rudeza da técnica, provocando interrogação e uma clara sensação de riso.
Tem entre mãos a preparação de vários vídeos que pretende apresentar num futuro próximo e dos quais destaca International Intrigue, um diálogo confuso sobre uma fuga, que João transformou, alterando os idiomas utilizados, fazendo com que o diálogo seja feito com quatro personagens falando quatro línguas.
Comercialmente o vídeo é uma área com poucos interessados em Portugal, apesar de já existirem alguns coleccionadores que incorporam esta técnica nos seus acervos, tendência que deverá aumentar, a acreditar na natural aproximação à realidade internacional. Os vídeos de João são comercializados pela Galeria 24b entre 2.000 e 2.500 euros.
O mundo de João Pombeiro multiplica-se por diferentes discursos, dos quais o vídeo é apenas um entre outros mais, mas que espelha especialmente a força e personalidade do referido mundo. O humor define a sua postura perante a arte, espelhada numa sua apresentação: João Pombeiro é um cínico, no sentido helénico do termo, que acredita no desenho enquanto processo mental, que faz arte com H maiúsculo e que apenas quer que não lhe tapem o sol.
João Magalhães
in L+Arte, Março 2005